Shiwan, uma zona da cidade de Foshan, na província de Guangdong, tem sido um centro de produção de cerâmica desde meados da dinastia Ming. Uma das características mais notáveis da cerâmica de Shiwan é a riqueza e variedade cromática dos seus vidrados. Do clássico branco, verde e azul ao inovador vermelho romã, estes vidrados acentuam o apelo visual das peças e complementam a sua modelação simples e singela, representando o encanto da cultura de Lingnan. Baseada numa tradição de “vidrado não encobrir totalmente o corpo”, os ceramistas vidram as roupas das figuras, mas deixam os rostos e membros na cor original do barro, acentuando a impressão realista que aquelas transmitem. Os ceramistas de Shiwan recriam frequentemente figuras ligadas a contos populares e histórias de ópera, assim como figuras históricas, pessoas anónimas e até estrangeiros, reflectindo as influências de uma sociedade em constante mudança e a inclusão cultural da região.
A colecção de cerâmica de Shiwan do Museu de Arte de Macau, originalmente pertencente ao coleccionador português Manuel da Silva Mendes (1867–1931), dá testemunho de um profundo diálogo entre a arte cerâmica de Shiwan e a escultura ocidental. Em 1920, Silva Mendes convidou o famoso ceramista de Shiwan, o artista Pan Yushu, para vir a Macau, encomendando-lhe figuras inovadoras tais como as conhecidas peças “Hua Tuo” e “Lu Yu”. Incorporando realismo ocidental e tradições chinesas, as obras de Pan abriram novos horizontes à cerâmica de Shiwan, constituindo um marco significativo na fusão das linguagens escultóricas ocidental e oriental.