Obras de Arte Tibetana de Han Shuli

Prefácio


O Tibete, situado na periferia da China e conhecido como o telhado do mundo, é uma região aberta e isolada, constituindo o berço de uma cultura esplêndida e sofisticada, bem como de estilos artísticos magníficos e misteriosos. Com as suas crenças e ideais, bandos de jovens entusiásticos do Interior da China decidiram, resolutamente, partir para esta zona periférica do país há 40 anos. Aí, estabeleceram uma forte ligação com as montanhas e os lagos sagrados, convivendo com os tibetanos locais e integrando-se assim na antiga e maravilhosa cultura tibetana. Han Shuli é um excelente exemplo deste fenómeno, tendo criado raízes na terra pura que se estende sobre o planalto do Tibete desde que se mudou para a região em 1973.

No início dos anos 1980, Han distinguiu-se no mundo artístico com o seu trabalho de mestrado Spang-rgyan Me-tog (Flores da Pradaria). A banda desenhada constitui um retrato perfeito do conto popular Spang-rgyan Me-tog, com a sua combinação de antigos padrões de cerâmica colorida, retratos de chineses da etnia Han e símbolos totémicos tibetanos apresentados por meio de técnicas tradicionais de pintura chinesa colorida e de várias texturas típicas da arte moderna. Este estilo artístico passou então a constituir a base das criações artísticas de Han ao longo dos anos que se seguiram.

Insatisfeito com o êxito de Spang-rgyan Me-tog, Han continuou as suas explorações artísticas com diferentes elementos criativos. Em vez de simplesmente se apropriar de elementos budistas tibetanos, o artista incorporou conteúdos das pinturas thangka e símbolos culturais relevantes nas suas pinturas coloridas, em linha com os conceitos que deram origem às pinturas clássicas chinesas da antiga China central. Han fez mosaicos de brocado com tecido de seda antiga processada proveniente de locais históricos, com vista a estabelecer uma ponte de ligação, num contexto histórico, entre a cultura Han e a vida religiosa e secular tibetana. As suas pinturas a tinta preta, criadas com os seus materiais de pintura tradicional e com base nas técnicas de pintura de frescos de cor negra tibetanos, emanam a mesma aura de mistério que caracteriza as decorações dos templos tibetanos. O branco e o preto nas pinturas chinesas tradicionais a tinta são alternados neste género singular de obras de arte, que hoje em dia são reconhecidas como “pinturas negras Han”, tanto na China como no exterior.

A maioria de suas obras adoptam temas relacionados com a educação e inspiração dos membros da comunidade, centrando-se mais na promoção das virtudes do que na punição dos ímpios.

Sempre que fala das suas criações, este importante representante da arte contemporânea tibetana continua a sentir gratidão pelo que aprendeu com o simples e simpático povo tibetano e a sua cultura profunda. O Tibete acarinhou o artista e, em troca, Han dedicou-se às artes do Tibete. Ao longo dos anos, Han tem vindo a envidar esforços para identificar e cultivar o talento artístico como líder da Federação dos Círculos Literários e Artísticos do Tibete, Associação de Artistas do Tibete, Academia de Pintura do Tibete, entre outras instituições. Han é ainda o responsável pelo Projecto “Cem Obras Thangka”, o qual se destina a impulsionar o crescimento do círculo de arte contemporânea tibetana, tendo promovido a arte através da organização de intercâmbios entre o círculo artístico e o mundo exterior.

Este pintor estabelecido no Tibete é um especialista na fusão de diferentes culturas e formas de expressão artística, o qual se manteve sempre ligado às suas raízes artísticas, revelando modéstia, bondade e abertura de espírito e ecoando a essência cultural de Macau.

A Fundação de Macau, dedicada a promover o desenvolvimento cultural e artístico da cidade e o intercâmbio com outros países e regiões, tem o prazer de oferecer ao público de Macau um deleite visual e estético através da exposição Obras de Arte Tibetana de Han Shuli (Macau), esperando que a mesma possa transmitir a perseverança do pintor na sua demanda pela inovação e inspirar o público através das suas obras “purificadoras da alma”.

Wu Zhiliang

Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau

Duração:
2017/04/06 - 2017/04/30