O Esplendor dos Bronzes Chineses: Obras-primas do Museu Nacional da China

PREFÁCIO

Sendo uma das primeiras civilizações a dominar a arte da fundição do cobre, a China desenvolveu uma cultura do bronze única e avançada. Dentro de uma vibrante história civilizacional chinesa com 5000 mil anos, a Idade do Bronze é um pináculo da civilização humana e representa o culminar dos avanços da Idade Neolítica, constituindo um prelúdio às criações ainda mais gloriosas da Idade do Ferro.

O Esplendor dos Bronzes Chineses: Obras-primas do Museu Nacional da China é uma oportunidade única para o público de Macau admirar um vasto leque de artefactos de bronze de profundo significado. Esta exposição de grande escala reúne mais de 150 peças do acervo do Museu Nacional da China que revelam todo o encanto e significado dos bronzes na história da arte antiga chinesa através da sua arte visual, decoração e padrões, inscrição e caligrafia, perícia técnica e manifestação da corrosão. A mostra apresenta uma selecção de objectos de bronze raros e extraordinários, como os jue, ding e zun, numa demonstração detalhada do sistema de uso dos bronzes rituais durante as dinastias Xia, Shang e Zhou. Dessa forma, os visitantes poderão ter uma visão aprofundada da misteriosa e magnífica cultura de Erlitou, da cultura Shu Antiga da estação arqueológica de Sanxingdui, além de apreciar os inúmeros e inestimáveis tesouros nacionais, como o Nao em Bronze (instrumento musical) com Padrão de Elefante, o Yan “Zuo Ce Ban” em Bronze (vaporizador), o You “Jing Bo” em Bronze (recipiente ritual), o Gui “Liu Nian Diao Sheng” em Bronze e o Gui “Shi You” em Bronze (recipientes rituais para alimentos). Estes artefactos ilustram o nível de destreza e as sensibilidades estéticas ao longo das fases de desenvolvimento, florescimento, transição e inovação dos bronzes.

As formas intricadas dos antigos bronzes chineses encarnam profundos conceitos rituais e religiosos, reflectindo as singularidades das eras distintas. Desde o momento da fundição, estes artefactos estavam imbuídos de significado social, servindo para distinguir e delinear classes e hierarquias. Estes tesouros nacionais refinados e magníficos eram não só instrumentos para os soberanos manterem as estruturas políticas e a ordem social, mas também símbolos para a aristocracia afirmar o seu poder, classe, riqueza e estatuto social. De facto, eram considerados a fundação do sistema ritual chinês antigo.

Da perspectiva da governança política, a mudança do conceito de “artefactos rituais como epítome da hierarquia social” para a “igual importância dos recipientes para alimentos e vinho” demonstra a relação evolutiva entre a corte central e a aristocracia feudal, assim como o mutante ambiente social e político da época. As inovações técnicas e os avanços na fundição e modelação do bronze conduziram à diversificação de formas e designs numa produção em grande escala, o que teve um impacto significativo em vários aspectos da vida quotidiana das pessoas, desde o uso doméstico até o transporte. No que diz respeito às crenças espirituais, as formas grandiosas e extraordinárias, os fantásticos motivos decorativos e as solenes inscrições destes artefactos encarnam dois aspectos cruciais do estado chinês antigo: devoção e guerra. Estes artefactos manifestam uma reverência pelo céu e pela terra e uma veneração das virtudes ancestrais. Registam também diversas cenas mundanas, tais como ofertas sacrificiais, campanhas militares, resultados alcançados e atribuição de recompensas, assim exprimindo admonições aos descendentes e aspirações de futuro relativamente à transmissão duradoura do seu legado.

Uma linha no capítulo sobre “Implementos Rituais” (“Liqi”) no Livro dos Ritos (Liji) diz, “Observar o mundo sem uma visão clara no coração, impede-nos de ver a verdade. Tentar compreender as coisas sem seguir princípios rituais é impossível”. A essência profunda e substancial da civilização chinesa está imbuída nestes artefactos rituais, tais como o zhong (instrumento musical), o ding (recipiente para alimentos), o zun e o jue (recipientes para vinho). Produzidos e refinados ao longo de milénios, estes veneráveis bronzes cristalizam os feitos estéticos e intelectuais dos antepassados da nação chinesa. São também gemas do tesouro cultural e artístico do mundo, reflectindo o esplendor da civilização material chinesa e o brilho indelével da sua cultura espiritual, que evoca um sentido intemporal de admiração estética.

 

Un Sio San

Directora do Museu de Arte de Macau

Piso 4, Museu de Arte de Macau

Data de Abertura:
2024/09/06 18:00
Duração:
2024/09/07 - 2024/11/10