Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023 – Exposição de Artistas Locais por Convite

Nota do Curador


Fronteira e Centro

Certa vez, numa conversa o falecido arquitecto japonês, Arata Isozaki, sobre o conceito de Ásia, disse: “A Ásia é, aproximadamente, um círculo com centro em Macau e um raio de 3.000 quilómetros”. E assim, sem intenção, colocou Macau no centro geográfico da Ásia. Não há dúvida que Macau foi o primeiro campo experimental na vaga de globalização desencadeada pela Era das Descobertas em 1500. Das redes de pesca chinesas de Macau a Cochim, ao azulejo de Lisboa, criou-se uma maravilhosa ligação resultante das trocas entre civilizações. Macau, qual nó de marinheiro, liga o Oriente ao Ocidente. 

Naturalmente, os artistas residentes em Macau sempre se interessaram profundamente por mapas de navegação, mitos e lendas, relações comerciais, monções, oceanos e fluxos de água. Ao mesmo tempo, os artistas de Macau também se alimentaram da cultura europeia e das artes tradicionais chinesas. No processo de encontros culturais, durante a integração, colisão, apreciação mútua, desentendimento, compreensão e transformação nocional, surgiram várias maravilhas e surpresas, que se tornaram para eles uma fonte inesgotável de inspiração. 

Os artistas em Macau podem não só desfrutar do tipo de vida de lazer de uma cidade pequena, mas também experimentar profundamente a natureza e a boa comida. As interacções frequentes no círculo artístico tornaram a comunidade artística local uma sociedade amigável, com uma boa ecologia para intercâmbios e educação artística. Além disso, com uma visão ampla conferida pelas condições geográficas únicas da cidade e abrangendo a riqueza de informações e recursos das trocas económicas e culturais carreadas pelo comércio global, os artistas de Macau usufruem dos benefícios do comércio e do intercâmbio de ideias, bem como de intercâmbios culturais e criativos com outras regiões e países, que fomentaram o seu amplo conhecimento, grande tolerância e busca da qualidade. 

A Bienal Internacional de Arte de Macau deste ano tem como tema “A Estatística da Fortuna”, ao qual os artistas locais responderam positivamente. Preocupado com mapas e teorias da Terra desde a Era das Descobertas, Fok Hoi Seng mostra como a ciência e a religião moldaram conjuntamente a paisagem da civilização actual. A tela de Konstantin Bessmertny mostra-nos o próspero comércio entre a China e o Ocidente. A obra de Lai Sut Weng segue os anseios humanos – não apenas os desejos dos romanos, mas de toda a humanidade. Ung Vai Meng explora o nascimento da racionalidade na mitologia grega e questiona os riscos actuais do desenvolvimento científico e tecnológico, enquanto reféns do racionalismo. A criação de Chan Hin Io investiga uma estrutura ecológica complexa, tornando-a numa metáfora para o destino da cidade; Lampo Leong reflecte sobre as mudanças climáticas que enfrentamos hoje com a sobreposição e integração da arte a tinta e vídeo, bem como a mescla de gelo e fogo. 

De toda a Exposição de Artistas Locais por Convite emerge uma estrutura curatorial que parece ter sido laboriosamente construída. Esta é uma estrutura pré-ordenada no solo da arte nativa de Macau. E que nos traz o eco da Ásia que Isozaki descreveu – na fronteira da China ou de um império colonial europeu, as suas sobreposições e encontros criaram um centro de arte chamado “Macau”.   

Qiu Zhijie
Curador Principal do “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”

‧ ART Espaço,  Piso 1 do Centro Cultural de Macau

Data de Abertura:
2023/07/28 17:00
Duração:
2023/07/28 - 2023/10/29