Deland, Leong Wai Man
A atmosfera cultural de Macau é altamente singular: todos os dias, os locais relaxam e descansam num lugar específico frente à estátua de um poeta estrangeiro. Aqui, os idosos praticam Tai Chi pela manhã. Ao meio-dia, os estudantes correm e brincam à volta da estátua e, ao fim do dia, os mais jovens sentam-se frente a ela a namorar. A estátua comemora o famoso poeta português Luís de Camões. Todos os dias, num parque que também tem o seu nome, o povo de Macau vive em paz e harmonia sob o olhar do grande poeta. Esta atmosfera cultural singular simboliza bem a relação entre as culturas portuguesa e chinesa, assim como a longa amizade entre os dois povos em Macau.
Diz a lenda que quando Camões chegou a Macau, em meados do século XVI, a cidade abrira o seu porto ao comércio. A Gruta de Camões, não é a única relíquia cultural que persiste em Macau, fazendo parte de um conjunto patrimonial que nos lembra mais do que quatrocentos anos de relações multiculturais. Agora, o Instituto Cultural do Governo da Região Administrativa Especial de Macau tem o prazer de se juntar ao Centro Científico e Cultural de Macau para apresentar Viagens de Luz: Aguarelas da Paisagem de Macau na Colecção do Museu de Arte de Macau, uma exposição que revela, através das obras dos artistas nela reunidas, ainda mais paisagens, riqueza histórica e ruas de Macau ao público de Lisboa.
Macau sempre foi uma plataforma de trocas culturais entre o Oriente e o Ocidente; ao longo dos séculos muitos dos eventos que ocorreram nesta plataforma foram pintados em aguarelas. Artistas como o pintor inglês George Chinnery (1774–1852), o pintor francês Auguste Borget (1808–1877), o pintor russo George Vitalievich Smirnoff (1903–1947) e os pintores modernos locais Herculano Estorninho (1921–1994), Lai Ieng (1949– ) e Lio Man Cheong (1951– ), cruzaram pontos de vista internacionais com a sua própria visão para representar, cada um ao seu estilo particular, o património histórico único da cidade. Hoje, com o apoio do Governo Central Chinês, Macau pretende expandir a “Base de Intercâmbio e Cooperação para a Promoção da Coexistência Multicultural, com a Predominância da Cultura Chinesa”. Assim, Macau poderá oferecer uma plataforma mais alargada para a arte internacional e aprofundar as trocas entre os círculos artísticos locais e internacionais.
Quem visita Lisboa, fica a conhecer o verso icónico de Camões: “Aqui, onde a terra se acaba e o mar começa”. Acreditamos que Macau será sempre uma importante ponte de comunicação entre a China e Portugal, e que a arte pode ser o ponto de partida para diálogos que ligam os corações dos dois povos. Estamos certos de que a exposição Viagens de Luz: Aguarelas da Paisagem de Macau na Colecção do Museu de Arte de Macau contribuirá para cimentar este ideal e desejamos-lhe os melhores votos de sucesso!
DELAND, LEONG WAI MAN
Presidente do Instituto Cultural do Governo da Região Administrativa Especial de Macau