Eminência Dourada

Tesouros do Museu do Palácio e do Mosteiro de Tashi Lhunpo

Museu do Palácio

Durante as dinastias Ming e Qing as relações cada vez mais estreitas entre a corte e a região do Tibete causaram a gradual expansão do budismo tibetano – particularmente importante para as famílias imperiais Qing – por toda a nação. Entre as majestosas estruturas da Cidade Proibida existem dezenas de capelas budistas tibetanas, nomeadamente o Pavilhão da Rectidão, o Pavilhão da Chuva de Flores, o Pavilhão das Nuvens Perfumadas e o Edifício Budista. Estes lugares sagrados albergam mais de 10.000 relíquias budistas nas suas colecções, incluindo estátuas, thangkas e alfaias rituais. As Oficinais Imperiais Qing produziram algumas destas extraordinárias relíquias culturais, ao passo que outras são tesouros oferecidos às famílias imperiais por visitantes do Tibete e da Mongólia. Muitos destes artefactos são testemunhos do intercâmbio cultural entre os grupos étnicos Han, manchu, mongol e tibetano.

O Museu do Palácio detém uma vasta experiência e feitos académicos em relíquias culturais do budismo tibetano, particularmente nas áreas da pesquisa e conservação, albergando a sua própria extensa colecção. Nas últimas duas décadas, o museu tem apoiado proactivamente a protecção do património cultural da Região Autónoma do Tibete, o que se traduz num vasto leque de projectos e num trabalho estreito com o Instituto do Património Cultural da Região Autónoma do Tibete para preservar, pesquisar e expor temas relacionados com as relíquias culturais e edifícios antigos.

Localizado no planalto do Tibete, o Mosteiro de Tashi Lhunpo é um local histórico para a linhagem Gelug do budismo tibetano, assim como a sede tradicional dos sucessivos Panchen Erdeni. O mosteiro alberga uma substancial colecção de antigos tesouros budistas dos grupos étnicos Han e tibetano assim como das regiões a sul dos Himalaias. Estes tesouros revelam o passado glorioso e os brilhantes feitos da cultura e arte do budismo tibetano. Um dos Lhakhang, ou altares principais do mosteiro, guarda inúmeras relíquias culturais, desde sinetes em ouro e álbuns até decretos reais e ofertas das várias famílias imperiais e sucessivos imperadores Qing aos Panchen Erdenis.

Apesar dos milhares de quilómetros que separam o Mosteiro de Tashi Lhunpo e o Museu do Palácio os dois mantêm laços estreitos graças ao envolvimento comum com o budismo tibetano que, na verdade, liga a cultura regional tibetana à cultura das planícies centrais e à nação chinesa como um todo. A 8 de Dezembro de 2019, Montanha de Sumeru: Quando Tashilumpo Encontra a Cidade Proibida inaugurou na Porta do Meridiano, que é parte do Museu do Palácio. Esta exposição conjunta foi organizada pelo Museu do Palácio com o Instituto do Património Cultural da Região Autónoma do Tibete e o Mosteiro de Tashi Lhunpo. A mostra ajudou a trazer a arte e cultura do mosteiro à atenção do público e desfrutou de uma entusiástica resposta por parte dos visitantes.

Macau – situada numa zona da pátria distante de Pequim –mantém, há muitos anos, uma amistosa relação de cooperação com o Museu do Palácio. Graças ao convite do Instituto Cultural do Governo da R.A.E. de Macau, o museu junta forças novamente com o Instituto do Património Cultural da Região Autónoma do Tibete e o Mosteiro de Tashi Lhunpo para organizar Eminência Dourada: Tesouros do Museu do Palácio e do Mosteiro de Tashi Lhunpo. A exposição, organizada em conjunto com o Museu de Arte de Macau e nele apresentada, permitirá ao público local explorar a vastidão e profundidade da arte budista tibetana, apresentando 137 relíquias e tesouros culturais budistas tibetanos, provenientes de Pequim e do Tibete, que foram oferecidos aos Panchen Erdenis ou a membros da corte Qing ao longo de centenas de anos. Abrindo uma porta para a história subjacente a cada artefacto, permite-nos compreender melhor a importância do budismo tibetano na integração da nação, da unificação dos grupos étnicos, e da unidade da nação chinesa em geral, da sua coexistência, intercâmbio e inclusividade seculares.

A história aprende-se e o futuro antecipa-se. Acredito que as relíquias culturais têm o poder de reunir as pessoas através de fortes e significativas trocas culturais, que proporcionam enriquecedoras experiências espirituais e sabedoria, mas também nos unem na herança da nossa antiga e esplêndida cultura chinesa para que possamos ajudar a criar uma variada e moderna civilização na nossa nação.

Wang Xudong
Director do Museu do Palácio