Texto da Secção
DO MOSTEIRO DE TASHI LHUNPO AO MUSEU DO PALÁCIO
Desde a construção do Mosteiro de Tashi Lhunpo por Gedun Drupa (dGe ’dun grub pa), o primeiro Dalai Lama, na histórica região do “Tibete Interior” em 1447, o mosteiro tem servido como base vital para disseminar as doutrinas da linhagem Gelug do budismo tibetano. Após o quarto Panchen Erdeni, a posição de abade do mosteiro tem sido atribuída aos Panchen Lamas, indicando a importância do seu papel. Em 1713, durante a dinastia Qing, o imperador Kangxi atribuiu o título de “Panchen Erdeni” ao quinto Panchen Lama e ofereceu-lhe um álbum sagrado e um sinete em ouro. O imperador atribuiu o título postumamente aos anteriores Panchen Lamas, confirmando, assim, oficialmente o seu estatuto religioso e político. Desde então, os sucessivos Panchen Erdenis receberam títulos da corte Qing e muitos deles estabeleceram estreitos laços com ela, com várias missões de tributo enviadas aos imperadores Qing ao longo dos anos. Os inúmeros álbuns, sinetes, documentos e relíquias culturais ainda existem, testemunhando a contribuição histórica dos Panchen Erdenis para os ensinamentos budistas e para o seu estatuto no contexto do Budismo. O mosteiro, que tem sido o assento tradicional dos sucessivos Panchen Lamas, mantém uma profunda ligação com a Cidade Proibida.
ARTE DO MOSTEIRO DE TASHI LHUNPO
Um dos quatro grandes mosteiros da linhagem Gelug do budismo tibetano, Tashi Lhunpo é altamente respeitado por várias escolas budistas do Tibete pela sua abordagem rigorosa ao estudo do Budismo. Trata-se de um importante local histórico, representativo da própria área do “Tibete Interior”, assim como um importante centro da arte e cultura budistas. Na verdade, o mosteiro alberga uma extensa colecção de antigas obras de arte de um vasto leque de períodos e locais históricos, incluindo a antiga região étnica Han e os Himalaias. A oficina de artefactos do mosteiro, Tashikitsel, tem produzido inúmeras estátuas de cobre ao logo do tempo, marcadas com a inscrição identificadora “Tashilima”. Outras estátuas, nos antigos estilos nepaleses e indianos, foram também produzidas aqui. As peças mostram uma grande variedade de tipos e estilos, assim como sofisticadas técnicas de produção, exercendo uma profunda influência na corte Qing durante o reinado do imperador Qianlong.
Para além disso, o Mosteiro de Tashi Lhunpo tornou-se num importante centro de pintura na área do “Tibete Interior”. Durante o século XV, o famoso artista Menla Dondrub (sMan bla don grub) estudou as doutrinas budistas e ensinou pintura a estudantes durante muito tempo no mosteiro, onde também criou thangkas (complexas pinturas budistas tibetanas sobre telas em algodão) e frescos. Mais tarde, o mosteiro tornou-se a sede da escola Menri (sMan ris) de pintura, fundada pelo próprio artista, que é, desde então, a mais influente.
TESOUROS DO SEXTO PANCHEN LAMA
O imperador Qianlong convidou o quinto Panchen Erdeni para visitar a corte em Pequim, mas, por várias razões, a visita nunca teve lugar. O imperador fez 70 anos em 1780, o 45o ano do período de Qianlong. Graças a esforços conjuntos, o sexto Panchen Lama viajou para oriente, com uma hoste de quase 3000 pessoas, para se juntar às celebrações do aniversário do imperador, em Pequim, cidade onde viria a morrer, pouco depois. As suas vestes e chapéus foram enterrados no Templo Xihuang, em Pequim. Esta viagem de grande significado contribuiu enormemente para a relação entre a corte Qing e o Tibete. Inúmeras relíquias culturais da viagem do sexto Panchen Lama a Pequim estão albergadas, intactas, no Museu do Palácio e os presentes que recebeu – quase inteiramente desconhecidos do público – ainda se encontram no Mosteiro de Tashi Lhunpo.
Esta secção mostra as várias oferendas que o Panchen Lama deu ao imperador Qianlong, assim como os presentes que recebeu deste. Mostra ainda a interacção da arte e técnicas artísticas entre o Tibete e a corte Qing durante o período de Qianlong.